O castelhano como vernáculo do português
DOI:
https://doi.org/10.17398/1888-4067.8.127Palavras-chave:
português, castelhano, galego, história do idioma, história das ideiasResumo
Durante toda a história do idioma, os escritores portugueses
recorreram a materiais léxicos castelhanos com ‘naturalidade’, como
se de lídimo português se tratasse e com a cândida adesão do leitor
português, habitualmente ignorante da língua vizinha. Essa
transferência de materiais é particularmente frequente em autores
tidos, com justiça, como vernáculos, o caso de Fialho, de Aquilino, de
Saramago. Ao contrário do galego, que desenvolveu o reflexo
conhecido por ‘diferencialismo’, só muito raramente o português
procurou distância frente ao castelhano. Desenhou-se, mesmo, uma
‘iberização’ do idioma, tarefa plenamente harmonizável com o
patriotismo. Este vasto conjunto de desempenhos e atitudes revela-se
do maior interesse para a apreciação ‘cultural’ da história da língua
portuguesa.
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