Uma Viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares: releitura pós-moderna, paródia e itinerário do tédio
DOI:
https://doi.org/10.17398/1888-4067.13_2.187Palavras-chave:
pós-modernidade, paródia, Os Lusíadas, viagem de decepção, tédioResumo
A reflexão comparatista centrar-se-á no jogo intertextual que Uma
Viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares tece com Os Lusíadas, de
Camões numa revisitação paródica. Na esteira da metaficção de
Borges (Lourenço, 2010), Tavares é um criador da ficção dentro da
ficção que questiona a travessia pós-moderna de Bloom, segundo o
fim das metanarrativas (Lyotard, 1988) e a indagação do tédio (Soares,
2003). A análise focar-se-á na parodização do episódio mítico da “Ilha
dos Amores” e na travessia à Índia como espaço de contra-epopeia, o
lugar do desconcerto do mundo. A releitura pós-moderna dos textos
canónicos pulveriza todas as verdades que se propunham unitárias e
absolutas, moldando um anti-herói insulado no seu tédio. A
inexistência de valores na consciência de...
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